Paciência é algo raro hoje em dia. A maior parte das pessoas só está interessada no agora, no tempo presente. Não sabem esperar. Esse padrão de comportamento é chamado de cultura do imediatismo, na qual as pessoas são escravas do presente imediato.
Na cultura do imediatismo, ao mesmo tempo em que queremos tudo para o presente, esquecemos que ele existe. As ações e os pensamentos são regidos pela ansiedade. Só queremos agora o que não temos. E quando temos, já não basta. Vivemos em um eterno descontentamento.
Onde estão o passado, o presente e o futuro?
A cultura do imediatismo nos faz esquecer o presente, apaga o passado e bloqueia o futuro. O tempo deixou de ser linear. Agora ele pode ser considerado um “instante prolongado”, como argumenta o professor de estudos de mídia na The New School University de Manhattan, Douglas Rushkoff.
Rushkoff atribui a cultura do imediatismo às mídias digitais, que teriam abolido a ideia de amanhã. Para ele, é preciso saber lidar com o chamado presentismo. Mas, pouca gente sabe como lidar e as pessoas acabam ficando desorientadas, sem conseguir se envolver e viver cada instante. O presente passa rápido e despercebido porque se pensa muito no momento seguinte.
Tudo ao mesmo tempo agora
Aliados à rapidez e prontidão que as mídias digitais proporcionam, os excessos estão diretamente relacionados à cultura do imediatismo. Há excessos de informações, de mídias, de demandas de opções de lazer virtual, dentre outros.
Na internet, por exemplo, ao mesmo tempo em que lemos uma notícia, trabalhamos e recebemos mensagens em forma de e-mail ou nas redes sociais. E ninguém consegue esperar por nada. Quem enviou a mensagem quer uma resposta imediata e quem recebeu quer fazer tudo ao mesmo tempo: responder, ler notícias e continuar trabalhando.
Sentimos dificuldade em sair disso porque a cultura do imediatismo nos envolve de tal maneira que não somos capazes de nos mover: a todo momento, surgem coisas novas e nos sentimos obrigados a dar conta de tudo. Não sabemos planejar nem priorizar – e o caos se instala nas nossas vidas.
Tudo isso afeta também as escolhas políticas, sociais e ambientais. Muitas decisões são tomadas sem grandes reflexões, levando em consideração apenas o momento e não as consequências.
Dessa forma, nossas relações sociais vão ficando superficiais. Tudo para mantermos nosso ritmo acelerado de vida e o padrão de produção e funcionamento da sociedade que nos é imposto.
A cultura do imediatismo na infância
A cultura do imediatismo não alcança somente os adultos, mas as crianças também. Além de sofrerem influência dos adultos, reproduzindo seus comportamentos, elas são expostas cada vez mais precocemente aos estímulos da tecnologia digital. Por consequência, acabam desenvolvendo a ansiedade ainda pequenas.
A capacidade de esperar e o desenvolvimento da paciência é algo que precisa ser ensinado e estimulado. Se trata de um aprendizado emocional e é papel da família incentivar, por exemplo, dizendo não, ou seja, impondo limites. Os filhos precisam aprender a esperar a hora certa para cada coisa.
Para que as crianças possam aprender a esperar, é preciso que a própria família seja o exemplo e seja paciente. É importante dispor-se a conversar demoradamente com os filhos, ensinando-os a refletir e não respondê-los de maneira rápida, porém superficial. A capacidade de reflexão também é algo essencial para superar a cultura do imediatismo.
Uma vez que a criança se insere na cultura do imediatismo, ela pode desenvolver problemas de aprendizado, de concentração, insegurança, hiperatividade e ansiedade, por exemplo. Além disso, a criança pode se tornar um adulto que não sabe lidar com frustrações.
No mundo caótico em que vivemos hoje, superar a cultura do imediatismo e educar os filhos para que também não se tornem escravos dela é somente mais um dos desafios. Mas ter essa consciência é o primeiro passo para desenvolver uma vida mais saudável para você e sua família. Busque viver mais o presente, aproveitando cada momento, curtindo as oportunidades e diminuindo a ansiedade, pois nem sempre podemos prever o que virá. Assim, nos tornamos exemplos de paciência e tolerância para nossos filhos, educando-os para superar os desafios que se imporão em seu caminho.
Fonte: Escola da Inteligência