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O poder do cancelamento

                                                                              O poder do cancelamento 

Nos primeiros meses do ano de 2021, a comunidade escolar esteve sendo acometida de diversos assuntos; continuação da pandemia, recessão econômica, divergências políticas, volta às atividades escolares com inúmeros protocolos, crises emocionais, etc. Só que um deles tomou uma proporção maior e incisiva na vida dos jovens, além de tudo o que vivemos, agora somos convidados a refletir sobre a Cultura do Cancelamento; Você já ouviu falar sobre isto? 

A cultura do cancelamento é um termo antigo, mas que ganhou ampla força nos novos areópagos digitais, tornando-se mais popularizado por causa do Big Brother Brasil. Neste respectivo programa, que possui alguns jovens engajados nas redes ou chamado influences digitais, surge o respectivo tema que não era de conhecimento de toda a população (não com esta nomenclatura) mas que ganhou amplo debate nas rodas de conversa e entra todos que estão nos meios digitais ou analogicos da vida. O termo é utilizado quando uma pessoa decide cancelar outra pessoa ou instituição por algum motivo que não lhe agrada. 

Uma pessoa ser cancelada significa que ela fez ou disse algo errado, que não é tolerado no mundo de hoje, em que muitas pessoas passaram por essa desconstrução social. Algumas pessoas, no entanto, possuem vivências diferentes e não conseguiam enxergar seus erros antes de terem sido rechaçadas na internet, sendo então essa punição uma maneira de educar. Esta forma de cancelamento pode gerar debates sobre racismo, preconceitos com determinadas classes sociais, xenofobia, homofobia, entre outras intolerâncias. Mas o ato de cancelar também pode acontecer com coisas banais, como falar mal de uma cantora pop muito famosa ou dizer que não gosta de algo muito popular. 

CANALTECH. O que é cultura do cancelamento. Disponível em https://canaltech.com.br/comportamento/o-que-e-cultura-do-cancelamento-164153/ Acesso em 22 de mar. 2021 

 

Se realizarmos uma associação livre com um passado não muito distante, nos antigos modelos de escola (sem os meios digitais), o movimento era bem conhecido e realizado por um aluno ou aluna que por certa implicância, desacordo, desafeto ou outras situações emocionais deixava de conversar, interagir ou mesmo reconhecer o outro como pessoa, neste sentido, havia o engajamento de outros alunos para serem ativistas da ideia de isolar ou dar um gelo no outro, por alguma coisa que realizou e não agradou. Agora trazendo para a nossa realidade, muitas vezes a cultura do cancelamento que era visto de outra forma e maneira, tem-se tornado um viés muito mais presente, com outra roupagem e que os jovens tendem a executar o processo sem ao menos pensar em suas consequências. 

Por conta da pandemia, os meios digitais foram potencializados por uma camada de adolescentes e jovens que não tinham acesso a estes meios para favorecer o estudo ou melhorar o aprendizado. Se antes as plataformas tinham uma conotação de interação ou lazer, hoje os jovens encontram nestas plataformas verdadeiras fontes do saber, interação e relação com um mundo que encontra-se recluso. 

Um bom exemplo, no Brasil a maior rede de conversa, interação e informação que muitos jovens utilizam chama-se WhatsApp, é nesta rede que os jovens descobriram a capacidade de criar grupos, formar guetos e tribos que muitas vezes impressionam quando descobertas as reais intenções. Muitas delas são repletas de ofensas, ódios, cancelamentos e porque não afirmar, muitos crimes. E neste ambiente, que às vezes o anonimato pode se fazer voz e vez, surgem diversos meios de realizar o famoso ciberbullying. E temos um agravante, as escolas de modo geral, não utilizam esta plataforma como meio oficial de informação e comunicação com os seus alunos, o que torna este ambiente, uma terra sem lei, muitas vezes. 

É aqui que surge o grande entrave da Escola, já que não é um local em que professores, pais, orientadores e coordenação encontram-se, somos muitas vezes surpreendidos com posicionamentos e posturas que muitas vezes, no certame do meio presencial, não conseguimos compreender o porquê de certos comportamentos. Neste sentido, a cultura do cancelamento no ambiente escolar pode ser pior e prejudicial do que imaginamos, uma vez em que, o distanciamento e o formato híbrido pode inibir a formação de grupos ou opiniões presenciais, mas com o avanço dos meios digitais, é muito mais fácil, na formação de grupos de estudos, rodas de conversas e até mesmo um grupo para trocarem materiais que não conseguimos coletar na aula, e infelizmente também podemos encontrar nestes grupos criados com boas intenções pessoas que imprimem uma posição e opinião, muito aquém do que realmente seria realizado no meio real, presencial. 

E qual o nosso papel como educadores e formadores de opinião que somos? Não tem como, a nossa entrada nestes meios não é algo que depende só da Escola, mas sim, de todos os envolvidos no processo educacional, os pais, alunos, coordenação e comunidade como um todo, só é possível cancelar o cancelamento quando tomamos conhecimento e consciência do mal que este posicionamento pode realizar na vida do outro. E neste sentido, temos a possibilidade de reverter a situação, com as conversas de esclarecimentos, dialogados que buscam compreender melhor as ideias dos nossos filhos e adolescentes, levando-os a uma responsabilidade maior pelo que falam e escrevem. Aqui já encontramos algumas ferramentas para auxiliar e superar este mau. Para maior aprofundamento segue alguns textos e vídeos que relatam sobre o assunto e ampliam a nossa visão sobre o tema e que pode levar-nos a uma maior reflexão junto aos nossos filhos. 

Por: Prof. Fernando Henrique 

Orientador Educacional \ Psicopedagogo

Referências: ESCOLA DA INTELIGÊNCIA, CANALTECH

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